Eu te olho sim profundamente, eu sou sim indecifrável, sempre fui um enigma, sempre fui assim, mas daí vem você e descobre meus segredos, decifra meus pensamentos, entende o meu olhar, aprende meus gostos, entende minhas manias e você ainda me pergunta se eu amo você.
E ficamos nessa de vai e não volta, nessa indecisão de uma certeza, na negação de uma vontade.
Eu te amo e você me ama, mas o nosso amor não é o suficiente para nos unir.
Precisamos de algo que ainda não temos.
E quem tem Deus no coração sabe que não há mal que vingue, nem inveja que maltrate, nem inimigos.
Porque pra todo mal, há cura.
Como doem as perdas para sempre perdidas, e portanto irremediáveis, transformadas em memórias iguais pequenos paraísos perdidos.
As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.
Você está quase sempre perto de mim, quase sempre presente em memórias, lembranças, estórias que conto às vezes, saudade.
Tu olhas para o teto imaginando mil coisas, memórias, compromissos, desejos, saudades.
( ) E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro.
Porque tu és o único que habita a minha solidão.
Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto.
Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro.