Caio Fernando Abreu

Para toda angustiante interrogação, existe uma inesperada exclamação.
Para toda vírgula que não te deixa ir adiante, existe um ponto final.
Para toda reticência que dói para sempre, existe um novo parágrafo.

A gente sempre sabia onde o outro estava, não tinha nenhum jogo de angústia.
A gente cuidava um do outro, não havia dor.

Eu ainda acredito que depois de toda chuva surge o arco íris.
Que Deus não erra.
Que se for pra acontecer, vai acontecer.
Que nada nessa vida é em vão.
Que todo esse sofrimento, vai se transformar em um aprendizado.
Que tudo na vida é questão de fé.

Desculpe tanta sede, tanta insatisfação.
Amanhã, amanhã recomeço.
Te espero, te gosto, te beijo.

Sinto sua falta.
Falta da gente.
Falta do que fomos.
Falta de tudo que passamos.
Falta de seus beijos.
Falta de suas conversas, conselhos.
Falta de seus risos.
Falta Simplesmente, você me falta.

Tenho uma parte que acredita em finais felizes.
Em beijo antes dos créditos, enquanto outra acha que só se ama errado.
Tenho uma metade que mente, trai, engana.
Outra que só conhece a verdade.
uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés.
Outra que sobrevive sozinha.
Metade auto suficiente

Quero você.
Quero eu.
Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro.
Quero seu beijo.
Quero seu cheiro.

Quero seu beijo.
Quero seu cheiro.
Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca ( )

Quero adoçar tua vida.
Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão.

Só queria ficar perto dele.
No máximo, deitar abraçado com ele.
Na mesma cama.
Nem um beijo, nada.
Só um abraço, bem apertado.

Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá lo em príncipe

"É possível não sentir esses arrepios ao lembrar me do toque, do cheiro, do beijo dele "

Espiou sem ver a monotonia quieta do domingo, depois voltou se para dentro, ficou ouvindo o silêncio.

Devia ser sábado, passava da meia noite.
Ele sorriu para mim.
E perguntou:
Você vai para a Liberdade
Não, eu vou para o Paraíso.
Ele sentou se ao meu lado.
E disse:
Então eu vou com você.

Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso.