1 Uma estranha em minha vida.
Não sabia o verdadeiro nome dela, a chamavam de “Kel”, mas nunca encontrei um prefixo que chegasse a tal realidade.
Kel era especial, eu sentia.
Tinha os cabelos castanhos, curtos com uma franja diferente que fez as pessoas a denominarem de “emo”, um novo estilo que surgia naquela época.
Kel era minha vizinha, nos víamos poucas vezes, mas em todas elas eu fazia questão de falar com ela.
Lembro me da ultima vez, foi ela quem teve a iniciativa para nos falarmos.
Oi disse ela.
Lhe respondi com o mesmo oi, sereno e contínuo de sempre.
Mas naquele dia Kel não se deu ao trabalho de puxar assunto.
Sempre que passava atraia olhares, principalmente o meu.
Minha mãe não gostava dela, mas também não tinha um motivo específico para não suportá la.
Hoje só sei que conheci uma pessoa maravilhosa.
Kel, que desceu a ladeira naquele dia frio e não voltou mais.
Mas em minhas lembranças, todas as noites ela volta, desenhada, linda, sorrindo pra mim como sempre sorria.
Aquele sorriso sincero que só ela tinha e talvez tenha até hoje.