Ainda mais absurda é a teoria de que o Estado é a condição da liberdade moral e, dessa forma, a condição da moralidade.
A liberdade reside além dos fenômenos e, na realidade, além das disposições humanas.
Conforme vimos, o Estado dificilmente é dirigido contra o egoísmo em geral.
Ao contrário, ele surgiu através do egoísmo e existe apenas para favorecê lo.
Esse egoísmo sabe muito bem onde reside seu interesse máximo.
Ele procede metodicamente, renunciando ao limitado ponto de vista individual em favor do ponto de vista universal, tornando se, dessa forma, o egoísmo comum a todos.
O Estado é, portanto, criado na suposição de que seus cidadãos não se comportarão de acordo com a moral ou seja, não escolherão agir de modo correto por razões morais (isto é, para o bem de todos).
Pois, em primeiro lugar, se esse fosse o caso, não haveria necessidade do Estado.
Assim, o Estado, que pretende promover o bem estar de todos os cidadãos, de modo algum é orientado contra o egoísmo em geral.
É orientado apenas contra a multiplicidade de egoísmos particulares e seu efeito deletério sobre o egoísmo coletivo, que deseja o bem estar comum.
Livro: "O mundo como vontade e representação"