Um decreto a reconhecer a cidadania faz se em minutos e pode fazer se já; um cidadão, isto é, o homem pleno e conscientemente integrado numa sociedade política civilizada leva séculos a fazer.
A lealdade é a verdade do sentimento: é impossível ser desleal sem mentir à consciência, sem ludibriar a consciência alheia.
Confunde se em Portugal tantas vezes a justiça com a violência que é vulgar não haver reacções contra o crime e haver reacções contra a pena.
O mundo parece ter perdido o hábito de pensar e a culpa talvez caiba a uma acumulação de sofrimentos.
Convém reeducar este mundo, aliás afogado em intelectualismo.
Somos um país pequeno, com problemas sérios, e não podemos aderir a frentes débeis, só com o fim de proclamar que brincamos às democracias.
Imaginar, como fazem muitas vezes, que as liberdades públicas estão ligadas à democracia e ao parlamentarismo, é não ter em conta as realidades mais evidentes da vida pública e social de todos os tempos.
O homem que tem presunção e brio de si próprio só sente verdadeira alegria ao vencer as grandes dificuldades.
As pequenas dificuldades não pesam na vida dos homens e não podem dar lhes a consciência, a alegria plena do cumprimento do dever.
Se o mundo não conhece um longo período de idealismo, de espiritualismo, de virtudes cívicas e morais, não me parece que seja possível ultrapassar as dificuldades do nosso tempo.
Não é de patriota nem de político abandonar o futuro às contingências da sorte, não criar para uma obra condições de duração e de estabilidade.
Por definição só fica feito o que perdura.