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André HP

Deus no Divã
Saudações Sigmund! Quem diria que, um filho meu, desafiaria minha própria existência !
Por uma questão de educação retribuo suas saudações, Criador.
Mas persiste minha descrença.
Problemático, diria.
Qualquer mente um pouco lógica teria plena consciência de que alguém precisou criar tudo isso.
Qualquer mente obsessiva
Cale se Freud.
Esta parecendo aquele meu outro filho herege lá
Karl Marx !
Exato!
Não vou, por enquanto, questionar a falsidade de sua existência.
Deite no divã! Meu sonho é aplicar a psicanálise em Deus!
Faremos um acordo.
Pois fale!
Lembre se que o último que traiu um acordo meu, foi para as demoníacas trevas.
Prossiga!
Deite primeiro no divã.
Se eu lhe convencer, com suas palavras, da minha existência, você aposenta seus estudos sobre os mecanismos psíquicos que eu, sutilmente, criei!
Parece seguro no que diz!
Com efeito!
Sendo assim, não seria provocativo inverter os papeis: se eu provar, com suas palavras, que você não existe, você some daqui e não atrapalha mais minhas noites de estudos.
E se você falhar
Caso eu não consiga tal feito, deitarei no divã e terei a honra do Criador de Tudo aplicar minha psicanálise em mim.
Aceitável.
Pois deitarei.
Vamos começar com uma pergunta básica: se uma das suas características é a onipotência, porque precisou de sete dias para criar o mundo
Não sei.
É divertido fazer as coisas aos poucos.
Segunda e fundamental pergunta: se é onisciente, por que liga que os humanos atribuam lhe crédito pela origem do universo
É uma questão, simplesmente, de autoria.
Porque precisa do amor de seres tão pequenos perante a você, como os humanos
Assim como os cachorros manifestam afeto pelo seu dono, vocês precisam ter um certo amor por mim, o Criador de Tudo!
Fabulosa comparação: Homem está para Deus, assim como cães para seu dono.
Abstenha de sarcasmos, Freud! Pelo amor de mim!
Passamos para a próxima: considerando que possuímos o livre árbitro e que você conhece o futuro, por que não nos manda direto para o céu ou para o inferno
SEM MAIS UMA PALAVRA!
Morre, aos 83 anos, o psicanalista Sigmund Freud.
A causa foi uma overdose de morfina para aliviar o sofrimento de um câncer na mandíbula.
Freud passou por trinta e três cirurgias e não teve intervenção divina que curasse o hematoma.
(Londres, 23 de setembro de 1939)