A outra
Já era noite e enquanto ia para casa, ela viu vocês dois juntos Mais uma vez.
Mesmo sendo uma cena comum nos últimos dias, ela caminhou entorpecida.
Entrou em casa que por sorte estava vazia, se arrastou até seu quarto, largou a mochila em qualquer canto, foi até o banheiro resolvida a tomar um banho e quem sabe lavar a alma.
Não precisou muito para se livrar das roupas, elas não eram nem de longe o que mais pesava no seu corpo.
Ligou o chuveiro, a água quente fervia lhe a pele, e ao mesmo tempo parecia que todos os pedaços do seu coração desciam pelo ralo.
Desligou o chuveiro, vestiu um pijama surrado, deitou se na cama ainda desarrumada, exatamente como deixará pela manhã.
Pensou em comer, mas não sentia fome, pensou em fazer algo, mas nada lhe interessava.
Talvez chorar seria a solução, mas isso ela não conseguia mais.
Era como se de tanto jorrar uma fonte secará.
Não foi culpa dele, de quem o acompanhava, muito menos dela.
A verdade é que ela sempre foi a outra.
Apaixonou se e desmoronou se, com um amor não correspondido.
Isso talvez não devesse ser dito, nem ao menos tão detalhado, mas você precisa saber
Que enquanto ele a beijou, os lábios dela puderam sentir.
Enquanto ele a abraçou, ela teve aconchego.
Foi tão inevitável, tão rápido, que ninguém pode saber.
Um dia nos planos de uma, no outro nos braços da outra.
Você pode julgar, pode se lamentar, mas não pode imaginar como ela se sentiu e sente.
Enquanto isso ela continua, passando pelo mesmo lugar, invisível, se afogando nas mesmas magoas e testemunhando o vestido mais lindo, que lhe caía como uma luva, sendo usado, rasgado e sujo por outra.