Eu queria que você soubesse que, apesar de ter passado todo esse tempo, estou aqui, estou aqui.
E que ontem a noite eu poderia ter escrito uma coletânea de tantas coisas que passaram nos meus pensamentos e devaneios, mas que agora eu estou com esse sapo preso na garganta.
Ontem a noite eu havia decidido que hoje, nesse lindo domingo, com esse calor de 40 graus, com as moças passeando com seus namorados nas praças daqui e nas praças daí,das crianças com suas mães ou com seus cachorros, nesse domingo eu iria te escrever.
Eu queria te contar das novidades e eu falo novidades já para aumentar a curiosidade.
Eu queria te contar do quão foi frio o mês de agosto, de quanto eu sufoquei nesses meses, de quanto eu cheguei a descobrir tantas coisas, inclusive eu mesmo.
E que eu não morri como pensei que morreria, descobri que ninguém morre dessas coisas.
Mas penso se, quando você vem pra essa cidade, que invariavelmente minha casa fica no caminho de acesso, eu penso se quando você passa você não olha e não espia tentando me ver ou pelo menos pensa em mim, repassa o filme.
Porque eu sempre penso na possibilidade de um dia cruzar num semáforo, numa esquina, na estrada, num buffet.
Quem sabe,e eu tenho pensado nessas coisas, porque ultimamente essa urgência aumentou, essa urgência de a qualquer hora sem querer um esbarrão numa rua qualquer.