Quando eu morrer e hei de morrer primeiro
do que tu não deixes fechar me os olhos
meu Amor.
Continua a espelhar te nos meus olhos
e ver te ás de corpo inteiro
como quando sorrias no meu colo.
E, ao veres que tenho toda a tua imagem
dentro de mim, se, então, tiveres coragem,
fecha me os olhos com um beijo.
Eu, Marco Pólo,
farei a nebulosa travessia
e o rastro da minha barca
segui lo ás em pensamento.
Abarca
nele o mar inteiro, o porto, a ria
E, se me vires chegar ao cais dos céus,
ver me ás, debruçado sobre as ondas, para dizer te adeus.
II
Não um adeus distante
ou um adeus de quem não torna cá,
nem espera tornar.
Um adeus de até já,
como a alguém que se espera a cada instante.
Que eu voltarei.
Eu sei que hei de voltar
de novo para ti, no mesmo barco
sem remos e sem velas, pelo charco
azul do céu, cansado de lá estar.
E viverei em ti como um eflúvio, uma recordação.
E não quero que chores para fora,
Amor, que tu bem sabes que quem chora
assim, mente.
E, se quiseres partir e o coração
to peça, diz mo.
A travessia é longa Não atino
talvez na rota.
Que nos importa, aos dois, ir sem destino.