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Alexus Knoowles

Sangue, lágrimas e a lâmpada do poste piscando constroem o cenário (A trilha sonora fica por conta de um grito quase sem fim de dor e desespero), quase meia noite, é uma rua totalmente deserta, não se vê nenhuma alma viva, parece que até os grilos abandonaram aquele lugar, nem o vento faz barulho e só uma coisa habita aquele lugar, o silêncio.
Foi um dia ótimo, havíamos saído, trocamos declarações, olhares e beijos tão longos quanto o tempo que o universo leva para se tornar infinito, mas agora isso não parece tão especial não é
Seis de abril de 2005, dia em que o mundo se tornou um enorme deserto pra mim, tempo de sofrimento, pesadelos e pura solidão, em um lugar cheio de pessoas e lágrimas completamente desconhecidas diante da minha dor, diante da minha solidão.
Tão rápido quanto um temporal de verão, que não duro tempo o suficiente para esconder o sol e muito menos molhar o rosto de quem foi pego de surpresa pelos pingos de chuva, ou como você dizia: “Lágrimas do céu”.
Vivemos e não notamos o quão rápida é a nossa existência nesse planeta cheio de pessoas eternas que nascem e morrem em alguns segundos, comparadas com a idade do universo.
Na infância brincamos e nos machucamos e até nos casamos (Como toda criança adora fazer), até estudamos juntos e dividimos nossos enormes problemas de não ter canetinha de certa cor, de quebrar e emprestar um apontador, independente da grandeza ou importância, era nossos problemas.
Lembro do seu rosto amassado, encostado no caminhão de mudança que me fazia correr como o Super Homem, ou pelo menos eu achava que estava tão rápido o quanto, até perceber que minha kriptonita era a sua ausência.
Nos últimos segundos eu vi você encostando uma folha na janela, escrito: “Eu voltarei”.
Já no ensino médio, em um passeio a uma feira de livros, distraída e sorrindo te vi indescritível, inconfundível, eu te vi.
Como quem olha um colar de pérolas que havia sido roubado e penhorado, em uma vitrine de uma loja eu te vi simples e minuciosamente planejado pelo destino eu te encontrei, sem pestanejar eu fui ao seu encontro e você simplesmente não me disse nada, chorou e me abraçou tão forte quanto um urso.
A história começou a ser escrita e rabiscada por nós.
Finais de semana, cinema, praça e pipoca meio salgada e meio doce fizeram nossos anos dali pra frente.
Uma vida é criada através dos anos que se passa, a perda de uma vida é sentida através das outras que se seguem.
Como um relâmpago a quilômetros de onde eu me encontro, caindo em seu declínio único, rápido de mais pra eu tirar uma foto ou mesmo prestar atenção, você passou, sem chance de volta, sem segunda chance e sem replay.
Você foi assim rápido demais, como o cair de uma folha seca ou o piscar dos olhos, em um momento que eu não esperava, de um jeito que eu não imaginava, você simplesmente partiu.
Estávamos voltando para casa, depois de caminharmos pelas ruas que costumávamos andar para ir à escola, quando de repente, um vulto, um som, um tiro.
Assim rápido como o ponteiro que conta os segundos do relógio, você se foi.
Ali deitada nos meus braços, sangrando e de olhos fechados, causando em mim uma dor insuportável, liberando um enorme grito de socorro destruindo o silêncio, eu gritei uma e duas vezes até perceber que ninguém viria, ninguém ouviria.
Te pego no colo, corro com você sangrando, vejo um carro e faço sinal.
Graças a Deus alguém apareceu.
Ainda com você no banco de traz eu choro, deixo minhas lágrimas limparem as marcas de sangue no seu rosto e em pensamento dizendo que te amo, até chegarmos ao hospital, um enfermeiro vem pegá la e colocá la em uma maca, enfim não a mais nada que eu possa fazer a não ser esperar.
3 horas depois sai um médico, com um ar triste ele me diz que você não agüentou os ferimentos.
Primeiro o silêncio, depois o choro e por último o grito.
Não há vida mais aqui, sou agora um vaso vazio, sem planta, sem terra.
Ainda hoje me encontro nesse enorme deserto chamado “Terra”.