Você sempre começa uma história pensando em alguém.
Poderão considerá las românticas demais ou exageradamente sentimental, considerando meus trinta e poucos anos.
Sentimentos que, contados em histórias, o bálsamo do tempo da escrita arrefece qualquer coisa.
Histórias como daqueles que casam depois de haver gozado e bem, a vida de solteiro.
Se conhecem e percebem a reunião, a um só tempo, da beleza de corpo e alma.
Após o encontro, fazem se amantes, em qualquer sentido que se queira dar a palavra.
Constroem um lar perfeito e geram uma prole de filhos.
Vivem juntos, tipo uns 50 anos; nesse período, passam bons e maus momentos, amparando nos reciprocamente.
Observam a família aumentar com a chegada dos netos.
De repente, em poucos dias, esse amor é interrompido por uma doença insidiosa, inesperada, que arranca um dos braços do outro.
Quem fica, sofre na alma a violência de um coice.
Já estavam beirando os 100 anos.
A tristeza é plenamente normal e justificável.
Durante um século, embriagaram se com o amor um do outro.
Com a perda, passa a sofrer uma depressão, sem dúvida, decorrente da saudade, e esta, a queria sempre bem latente para nunca esquecer.
Não permitia que médicos desbravadores da mente, com seus artifícios freudianos, expulsassem da sua memória, ou, pelo menos, amenizassem a saudade, que em verdade era a razão da sua vida atual.
Na concepção que faziam do termo, os quase 100 anos, um ao lado do outro, era a única história que haviam escrito juntos, movidos pela inspiração provocada por esse único, grande e insubstituível amor.
Durante todos os anos de felicidade, dedicavam se as próprias felicidades.
Destas, algumas que encontrei em cartas e bilhetes que guardavam dentro de uma caixa de sapato, preferi protegê las com o véu da privacidade que considero inviolável, tão somente agora; mas um dia ainda escrevo um livro com essa história.
Saudades.