Dúvidas
Alberto Duarte Bezerra
Dúvidas,
Não fossem elas!
Estaria eu farto,
Abundante de credos.
A sentar no trono da empáfia,
Deixando de ver com clareza,
A metamorfose do tudo,
O verso mutante do mundo,
Que lá está,
Sustentando a face visível,
Do anverso que ora se impõe,
Mas sem o asserto, calado,
Escondido, abnegado,
Decai,
Envergonhado!
Dúvidas,
Benditas sejam!
Impedi me o encerrar das contas,
As certezas definitivas,
As descrições convictas,
Que não convém, arvorar me ter.
De achar que o meu entender,
Está acima de tudo,
A dizer com bravata, do mundo,
De dentro duma penumbra,
Onde posso estar, sem ver.
Dúvidas,
Não fosses tu!
Apoucaria o meu saber,
Me condenaria, a deixar de ter,
Vontade de protestar,
Das incertezas do meu olhar,
Sob sombras, que ora parecem claras,
Sem ao menos, me perguntar.
Dúvidas,
És companheiras do saber!
Murmuras lá dentro em mim,
Num protesto silencioso,
Esperas, não vás assim!
E com voz mansa, mas com firmeza,
Freia o precipitar da soberba,
E assim me concedes,
O direito de crescer,
Crescer sem fim.
Dúvidas,
Falas para mim!
Vai, meu filho.
Vai enfim!