Para mim, graças a ter olhos só para ver,
Eu vejo ausência de significação em todas as coisas;
Vejo o e amo me, porque ser uma coisa é não significar nada.
Ser uma coisa é não ser suscetível de interpretação.
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou
Procuro despir me do que aprendi
Procuro esquecer me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar me e ser eu
É Talvez o Último Dia da Minha Vida
É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Tornam nos pequenos porque nos tiram o que nossos olhos
nos podem dar
E tornam nos pobres porque a nossa única riqueza é ver