ME CHAMO ÁGUA
Eu já fui Nilo, já fui Tigres e
Eufrates, corri pelo Ganges, pelo
Jordão.
Era soberano no Amazonas,
no Araras, tempos fartos como
outrora não existe mais
Quem me dera rebobinar a fita,
voltar a ser livre, auto
suficiente Agora não, sou restrita,
exclusa e trancafiada.
No mundo
subdesenvolvido, cerca de 50% da
população me consome poluída.
A
mesma raça que me extermina é a
que divulga uma nota com uma
previsão de que até 2050,
aproximadamente 45% da população
não terá a quantidade mínima de
minha alma para sobreviver.
Eu já fui o velho Chico, já fui Negro e
Solimões, já fui Paraguai, hoje eu
sou um cadáver na sua torneira, as
pedrinhas nos seus rins e a
desidratação do seu corpo.
Alberto Ativista, escritor e poeta.
brasilporoutrosolhos.blogspot.com