Enquanto amarelecem as folhas anunciando o outono, nós reverdecemos de mãos dadas pelas ruas, desconfiados e receosos de tão barata felicidade, como quando éramos crianças e acreditávamos em contos de fadas
Atitudes grosseiras são como pancadas no corpo a diferença é que os hematomas ficam na alma e não na pele.
Entre o que fui e o que sou há você, com todo o poder do que transforma água em vinho.
Que o meu amor caiba no teu abraço sem sobra ou falta de espaço.Que me vistas com teu corpo e nele amanheças como um dia ensolorado após uma noite de chuva.
Há dias em que o coração quer os pratos na mesa e as certezas servidas em travessas transparentes.
Despossuir te custou me a posse de um vazio infinito, de uma solidão incapaz de deixar me sozinha comigo mesma.A tua falta me habita como qualquer órgão que me mantém viva na armadura do corpo.
Voo, mesmo de asas quebradas, porque sempre acredito na cumplicidade do vento.
Basta uma palavra tua para que a manhã nasça em mim como barcos que chegam à praia depois de tumultuada noite de pescaria.
Chuva põe tempo nublado no coração, vontades preguiçosas de aconchego e de fazer nada; desejo de ver a paisagem úmida do mar a molhar se de água doce e roubar me os pensamentos.
Não sei sentir pela metade.Se amo, minha alma, meu corpo e todos os meus órgãos amam na mesma intensidade.Se desamo, da mesma forma, todo o organismo obedece ao comando e apaga os registros.
Lembrar de não esquecer a hora de sair de cena, o chá de hibiscos antes de dormir.Lembrar de esquecer os pés na bacia de água morna e a velha mania de sofrer por tudo.E as saudades aonde colocá las quando escancararem suas portas e ganharem minhas ruas, minhas interditadas ruas ladrilhadas com lembranças de dias nublados e covardias ! O que fazer com esse amor moribundo que não morre nem vive !
Minhas dores, guardo todas no porão da antiga casa.Padecerão de abandono na minha coleção mais bizarra, mas nunca de esquecimento.
