“Como criador é se egoísta; sempre egoísta, o mais possível egoísta; talvez, de resto, o egoísmo seja aparente; talvez o artista, em vez de dar a um, se esteja reservando para dar a milhões.”
O melhor será que não pertençamos a partido algum, porque a política não é uma essência de ser, como a religião, a ciência ou a arte, nas quais todos deveríamos estar: é uma pura fatalidade histórica, como a economia, ou a administração, como também a medicina ou a engenharia.
Há hoje quem esteja plenamente convencido de que nasceu mais engenheiro do que homem; como se já estivéssemos naquele tempo de pesadelo em que se fabricariam homens máquinas de servir máquinas de servir homens máquinas.
O problema dos políticos é o de mudarem o governo: o meu é o de mudar o Estado.
Contam eles com o voto ou a revolução.
Conto eu com o curso da História e a minha vocação e o meu esforço de estar para além dela.
Para o que ama a verdade não há descanso nem termo, porque a vê no próprio caminhar, a surpreende no esforço contínuo da marcha; o amor da verdade não é um desejo de chegar, mas o anseio de superar.
Não me importa o resultado, mas o método.
Talvez mesmo todas as filosofias dos homens nada mais sejam do que expressão do horror pelo martírio, do que uma fraqueza inconfessada perante o duro existir, do que uma ilusão a que, para conseguirem viver, dão o nome de certeza.
Talvez o maior amor seja o dos místicos, porque esse tem consigo a suprema qualidade de nunca ser plenamente realizável.
Só por costume social deveremos desejar a alguém que seja feliz; às vezes por aquela piedade da fraqueza que leva a tomar crianças ao colo; só se deve desejar a alguém que se cumpra: e o cumprir se inclui a desgraça e a sua superação.
É necessário que um dia todos os homens vejam que o desejo de chegar mais longe, a atenção à crítica, a calma ante o que fere, nada têm com a força e a fraqueza: são qualidades da alma.
Exige se, para o perfeito amor, que o amado ame o amante; que este ame, em si próprio, o amante que ama o amado e que o amado ama, o mesmo tendo de haver no correspondente.
Que os amantes amem nos amados os amantes que a eles os amam.
Ou, mais simples: que o amor se ame.