Descobriu que tratava se de uma semente, distinta, branca, de uma transparência suave.
Mesmo contendo pequenas fissuras e arranhões, ele ainda não havia contemplado algo tão belo.
Por suas cicatrizes radiava se uma luz azulada, de pequeninos fachos dançantes que se alongavam e retraíam tingindo toda a extensão da palma de sua mão em um tom anil.
Intrigado aproximou a de sua face tentando fixar seu olhar que momentaneamente se ofuscava e percebeu que de seu interior fluía uma canção sutil, capaz de ser ouvida apenas quando a aproximava junto ao ouvido.
Um coral de muitas vozes, de um mesmo timbre, isento de palavras, que desfilava suas notas musicais em um ritmo de mar de marolas.
Contemplando a, hipnotizado, pegou se imaginando o que poderia germinar de tamanha beleza.
Fechou sua mão envolvendo a, zelando para não esmagá la, não maculá la, e após um beijo em seus dedos cerrados caminhou procurando algum local especial, de semelhante grandeza, pois sabia em seu íntimo que algo tão glorioso não poderia ser cultivado em qualquer lugar.