Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera.
De manhã, um silêncio inquietante.
À tarde, um mal entendido.
À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.
Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco.
Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda feira é enfrentada com tanta leveza.
Namoro é como o disco “Sgt.
Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário.
O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre.
É ele quem encerra esta crônica, dando nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência.
De ser o seu cadáver itinerante".