Passo os dias olhando para um jardim que não é meu.
Olho para a grama, sempre verde, mesmo quando as folhas vermelhas do outono começam a cair.
Não importa as cores do jardim, a grama está verde.
Na primavera, as flores enchem os olhos de quem passa de alegria, no verão a luz do sol deixa tudo mais claro e resplandecente e, mesmo no inverno, os dias gris não tomam conta de grama.
Sempre que me sinto triste, vou até a janela e olho para aquele jardim.
Indago me se naquela casa não há tristeza.
Será que não há um único dia em que não se esqueçam de regar a grama
No jardim que não é meu, e onde a grama é sempre verde, há muitas borboletas.
Elas estão sempre por lá.
São de todas as cores, e às vezes fundem as suas asas com pétalas azuis das flores.
Naquele jardim há também frutos, muitos frutos, verdes e maduros.
Às vezes irrito me porque alguns frutos caem das árvores, apodrecem e nunca são recolhidos.
Mas depois, lembro me dos pássaros bicando os e vejo as cascas dos frutos desaparecem no solo.
Aquele jardim, tão vivo, não é meu.
Naquele jardim há cor, há vida, há idas e vindas.
E a grama é sempre verde.
O meu jardim é um pequeno e inabitado jardim de inverno.
Mas não cultivando a grama verde, nem as flores, nem as borboletas, à distância, assumo ser belo o canto dos pássaros.