A uma mulher foi concedida a permissão de ver tanto o céu quanto o inferno, ainda em vida.
Ela escolheu começar a visita pelo Inferno.
Para sua grande surpresa, descobriu que o inferno era uma imensa reunião de pessoas em um banquete que se perdia de vista.
Ela viu mesas e mais mesas abarrotadas com as mais finas iguarias, com as pessoas sentadas em volta delas.
Contudo, as vozes das pessoas eram uma cacofonia de lamentações e queixumes angustiados.
Ela tentou descobrir o sentido do que acontecia e chegou à seguinte conclusão: aquilo era o inferno porque a provisão infindável de iguarias acaba por tornar se entediante, e todas as pessoas que lá estão passam pelo sofrimento de uma aula sem fim sobre a futilidade dos desejos materiais.
Mas, à medida que se acostumava com o alarido e com o quadro diante de seus olhos, ela percebeu que sua conclusão estava errada.
Ela percebeu que os talheres e demais utensílios de mesa eram tão compridos que, tentassem as pessoas o quanto pudessem, não eram capazes de trazer comida até a boca.
E se tentassem pegar o alimento com as mãos, estes sumiam por entre seus dedos Ela então compreendeu porque aquilo era o inferno: toda a abundância não trazia nenhum bem para as pessoas.
Com um misto de tristeza e esperança ela então se dirigiu para o céu: certamente lá as coisas seriam diferentes! Mais uma vez, para sua surpresa, ela se deparou com a mesma cena; fileiras de mesas repletas com deliciosas culinárias e os mesmos talheres compridos.
Mas ela notou duas coisas: ninguém tentava pegar a comida com as mãos, e não havia gemidos nem lamúrias.
Ao contrário, todos riam e se regozijavam, divertindo se a valer.
Ali, elas davam de comer umas às outras, revelando a importância do amor ao próximo e do trabalho em equipe.
(Rabino Haim)