A frouxidão no amor é uma ofensa, Ofensa que se eleva a grau supremo; Paixão requer paixão, fervor e extremo; Com extremo e fervor se recompensa.
Vê qual sou, vê qual és, vê que diferença! Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo; Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo; Em sombras a razão se me condensa.
Tu só tens gratidão, só tens brandura, E antes que um coração pouco amoroso Quisera ver te uma alma ingrata e dura.
Talvez me enfadaria aspecto iroso, Mas de teu peito a lânguida ternura Tem me cativo e não me faz ditoso.