Nasci em Gandu, uma cidade minúscula, quase uma roça.
E ainda adentrei mais ainda no interior, pois vivi boa parte da minha infância, na roça.
Tomei banho de rio, comi piaba, subia em árvore, comia fruta fresca (sem agrotóxico), comia ovo e galinha do terreiro.
Andava de cavalo.
Descascava aipim na "casa de farinha".
Brincava de roda, dançava ao som de uma radiola vermelha de pilha.
Ia a missa do vô Queno (única época que bebíamos refrigerante) e a noite dançava incansavelmente ao som de "Pisa na barata, mata essa barata".
Dormíamos as 20:00hs quando o gerador de energia era desligado e acordávamos as 6:00 da manhã junto com o canto dos galos.
Tive como referência mãe e tias que tinham as mãos um facão e com ele podavam pé de cacau, cortavam cacho de banana e matavam cobras.
E por isso que hoje, tanto eu como minhas primas e irmãs, por vermos os exemplos dessas mulheres tão fortes e guerreiras, e apesar na não andarmos com facão, muito menos matarmos cobras, somos capazes de vencer os leões das dificuldades que aparecem nas nossas vidas.
Por conta desses exemplos de mulheres destemidas e fortes não é qualquer vendaval que nós derrubam.
O ADULTO QUE SOMOS HOJE É O REFLEXO DO QUE VIVEMOS NA INFÂNCIA.
E EU, ALÉM DE TER UMA INFÂNCIA MUITO FELIZ, ME TORNEI O QUE SOU HOJE, UMA MULHER FORTE, DECIDIDA.
E MESMO QUE APAREÇAM AS COBRAS PELO CAMINHO, ELAS NÃO ME IMPEDIRÃO DE CONTINUAR.