O homem que não tiver virtude própria sempre invejará a virtude dos outros.
A razão disso é que a alma humana se nutre do bem próprio ou do mal alheio, e aquela que carece de um, aspira a obter o outro, e aquele que está longe de esperar obter méritos de outrem, procurará se nivelar com ele, destruindo a sua fortuna.
As pessoas que são curiosas e indiscretas são geralmente invejosas; porque conhecer muito a respeito da vida alheia não pode resultar do que concerne os próprios negócios.
Isso deve provir, portanto, de tomar uma espécie de prazer teatral a admirar a fortuna dos outros.
Aliás, quem não se ocupa senão dos próprios negócios não encontra matéria para invejas.
Porque a inveja é uma paixão calaceira, isto é, passeia pelas ruas e não fica em casa.