Aí eu tomo um banho bem quente, pra te espantar da minha pele.
E canto bem alto, pra te espantar da minha alma.
E escovo minha língua bem forte, pra separar seu gosto do meu.
E quase vomito, pra parir você do meu fígado.
E tento ser prática e parar de suspirar.
E tento abrir a geladeira sem me perguntar o que eu poderia comprar pra te agradar.
E tento me vestir sem carregar a esperança de esbarrar com você por aí.
E tento ouvir uma música sem lembrar que você gosta de se esfregar de lado em mim.
E tento colocar uma simples calcinha e não uma bala perdida pronta pra acertar você.
E tento ser só eu, simplesmente eu, novamente, sem esse morador pentelho que resolveu acampar em mim.
E nada disso adianta.
E o esforço pra não fazer nada disso já é fazer tudo isso.