Briga, vai embora.
Volta, jura que ama.
Horas depois já virou ódio.
Bate o pé, a porta.
Esmurra a mesa, quebra prato, joga as malas na rua.
Xinga.
Chora.
Vai embora e logo volta.
Portas fechadas, camas separadas, visitas de madrugada.
Beijos.
Calor.
Sexo.
Amanhece a cama com os lençóis amarrotados Vazia novamente.
Desaparece.
Volta.
Jura de dedinho que ama, repete quinze vezes e esquece a toalha molhada encima da cama.
Mais gritos.
Mais portas trancadas, mais dores de cabeça, ressaca.
Ódio, amor e, de madrugada, tesão.
Mas ata, desata.
Dá nó, desda nó.
Bate porta de carro, bate porta de casa, mas volta.
Vai pra bares, enche a cara, beija todo mundo, dança encima da mesa, chora.
Ressaca, de novo.
Mas volta.
O coração dói, o fígado resiste.
E sempre volta Volta porque sabe que as portas são resistentes e aguentam mais uns trancos.
Volta porque ainda tem prato e copo pra quebrar, tem uma mão boa pra esmurrar a mesa.
Tem xingamentos novos pra gritar.
Volta porque tem amor que arde, tem bebida que não cura.
Volta porque é aonde se deve estar.
Volta porque não tem mais para onde ir.
Volta porque ele pertence a ela e ela pertence a ele.