Talvez você já fosse assim e eu nem tinha reparado, ou estava recuperando as suas forças, bem como eu.
Pode ser a sua parte adormecida, como dizem.
Mas o fato é que agora, quando você fala de amor, tem brilho nos olhos, como se tivesse nascido acreditando que tudo é por amor; tudo é o amor.
E eu fico aqui, olhando de camarote, do melhor lugar enquanto seguro a sua mão e você diz que queria adivinhar o que tanto se passa em minha cabeça quando estou em silêncio encarando o nada.
Você pensa que eu andei longe, peguei muitas estradas, mas mal sabe que eu estou ali, tão perto que me perco.
E eu só estava me perguntando qual a minha participação nisso tudo, no seu jeito de ver o amor, na intensidade do seu sorriso Nesse bonito (e, talvez, novo) brilho nos olhos.
Acho que sou como o garoto de livro que acabei de ler.
Ele tem a necessidade incansável de fazer algo importante pelo mundo e as pessoas e não ser só mais um.
Eu não me canso de querer fazer algo, qualquer coisa, só para não ter passado em branco.
Eu não quero ser um simples borrão para você.
Eu quero estar entre os teus cadernos com as folhas completamente ocupadas de palavras, os teus sonhos coloridos, os teus olhos brilhantes.
Estar entre as coisas que você está e o amor se forma.
Como nós, entre olhares perdidos e uma vontade de abraçar o mundo num corpo só.