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Anônimo

Quando é tarde demais, encontro o amor que te dedico.
Tarde demais, quando deixaste de existir, querida.
Tarde demais e quando quieta, a relembrar te fico,
Penso ter menos razão agora, a minha vida!
Parece ainda maior, a nossa casa tão mimosa
E em cada canto, existe muda uma sentença.
No teu jardim, contida em cada rosa,
Sinto mais viva a chama da tua presença.
E nós teus filhos, saudosos, sós, acabrunhados,
Sentimos percorrer nos, gélido arrepio,
Quando em teu quarto, olhos marejados,
Fitamos a tristeza de um leito vazio.
Aos pés do leito, quieto, muito amigo,
Numa atitude fraca, sem conformação,
Cabeça a repousar no teu chinelo antigo,
Tão branco e belo está fiél, teu cão!
Foi muito triste te perder, confesso!
Beijar tua mão fria, em derradeiro adeus.
Longe de ti, agora, humildemente peço:
“Tenha Deus piedade pelos erros meus”
Meu pensamento vaga quero esquecer que te perdi
Mas continua em mim, a imagem comovente,
Bem vívida, real, comigo, aqui,
Da minha mãe tão abatida, tão magra, tão doente!
No nosso lar, que com trabalho construíste,
Tinhas um modo estranho de nos dar afeto.
Não com palavras, o amor tu traduziste,
Não deixando faltar o que comer, e um teto!
Entendo, agora, como era o teu amor:
Bem escondido e feito de sinceridade;
E a tua perda, me traz tão grande dor,
Mesclada à imensidão deste saudade.
Se é que me escutas, quero te dizer,
Embora tarde, muito arrependida:
Eu deveria em teu lugar, morrer,
Pois te amo tanto, minha mãe querida!
Saudade, mãezinha! Segue num sopro,
em direção às estrelas, o meu mais fervoroso beijo e apertado
abraço, e a minha devoção, ao lhe dizer com amor:
Que “BELEZA DE MÃE” foi você!