“O tempo passa, a terra gira e o mundo dá muitas voltas.
Só a tia Márcia continua morando exatamente no mesmo lugar.
A mesma pintura da casa, agora já descascada.
A mesma solteirice, sem ambição nem projeto de futuro.
A mesma blusa cor de manga, já num tom amarronzado e com um fio de cabelo branco impregnado.
A vida passou e a tia Márcia ficou lá, parada no ponto de partida.
Ninguém decifra a vibe dela e ela nem sabe o que é vibe.
Tia Márcia não sabe mexer no celular, em compensação, sabe fazer um bolo de fubá e um café passado na hora daqueles que não se encontra em cafeteria nenhuma do mundo.
Quando recebe visitas, não gosta que tirem nada do lugar.
Da velha televisão, tem medo que mexam no botão e tirem do canal costumeiro que assiste todos os dias desde os tempos de `Roque Santeiro`.
Ontem ela se mostrou feliz com o fim do horário de verão.
O que isso implica pra ela Só sai de casa uma vez por mês pra ir no mercado e sacar a pensão, e às vezes vai ao posto de saúde pegar remédio e medir a pressão.
“