A amizade surge do mero companheirismo quando dois ou mais dos companheiros descobrem que têm em comum alguma percepção, interesse ou mesmo gostos que os demais não partilham e que, até aquele momento, cada um acreditava ser o seu tesouro ou fardo especial.
A expressão típica de um começo de amizade seria algo como: “O quê Você também Pensei que eu fosse o único.”
A pessoa que concorda conosco que alguma questão, pouco considerada por outros, tem grande valor, pode ser nosso amigo.
Ela não precisa concordar conosco quanto à resposta.
Esse é o motivo pelo qual aquelas criaturas patéticas que simplesmente “querem amigos” jamais descobrem algum.
A própria condição de ter amigos é que deveríamos desejar algo além de amigos.
Onde a resposta sincera à pergunta: “Você vê a mesma verdade ” fosse: “Não vejo nada e não me importo com a verdade; só quero um amigo”, não pode surgir amizade embora possa haver afeição.
Não haveria um terreno comum para a amizade, e este precisa existir neste caso, mesmo que seja um entusiasmo por jogar dominó ou por ratinhos brancos.
Os que nada têm, nada podem partilhar; os que não vão a lugar algum não podem ter companheiros de viagem.
Quando as duas pessoas que descobrem estar palmilhando a mesma estrada secreta são de sexos diferentes, a amizade que surge entre elas irá facilmente transformar se talvez depois da primeira meia hora em amor eros.