Eu sou apenas alguémou até mesmo ninguémtalvez alguém invisívelque a admira a distânciasem a menor esperançade um dia tornar me visívele você você é o motivodo meu amanheceré a minha angústiaao anoitecervocê é o brinquedo caroe eu a criança pobreo menino solitário que quer ter o que não podedono de um amor sublimemas culpado por querê lacomo quem a olha na vitrinemas jamais poderá tê laeu sei de todas as suas tristezase alegriasmas você nada sabesnem da minha fraquezanem da minha covardianem sequer que eu existoé como um filme banalentre o figurante e a atriz principalmeu papel era irrelevantepara contracenarno final.
Primeiro um café.Depois um amor.Ou pode manda tudo junto.Ou pode mandar tudo misturado.
Para o amor, um banco na praça já basta.Para o café, o pó e a água também são suficientes.Mas para mim é preciso ter você.
Só nós dois no chão frio, de conchinha no frio.No asfalto riscado de giz, imagina que cena feliz.
Um café e um amor.Quentes por favor!
Por isso hoje eu acordei com uma vontade danada de mandar flores ao delegado, de bater na porta do vizinho e desejar: bom dia, meu amor.
O café por si só já é bom, mas pode ficar melhor se eu estiver bem acompanhado.