Vivo de amores eternos, incompletos, incabíveis e inacabáveis.
Meu coração não é meu: é dos meus amores.
Eu amo, me entrego, me integro e no fim me quebro.
E de novos amores me refaço.
Junto os pedaços do meu coração e de corações alheios.
Alguns pedaços doados, outros tantos roubados.
Meu coração é meu, seu, dele e dela.
Há muito meu coração deixou de me pertencer tão somente e passou a ser compartilhado.
Quase que comunitário.
Deixo um pedaço de mim no lugar do pedaço que roubei de outros, para que assim nunca falte amor.
É claro que nem todos fazem essa colagem de corações.
Mas aqueles que se permitem viver assim Ah, esses sim sabem viver! Sabem viver porque sabem amar.
Porque compreendem que o sentido da vida é amar e compartilhar amor.
Eu planto meu amor por aí mesmo sabendo que nem sempre os frutos a serem colhidos serão meus.
Viver de verdade é semear amor em corações férteis e secos.
É por isso que divido meu coração.
Meu coração é fértil, e com ele fertilizo aqueles corações secos e improdutivos de onde não brota amor.
Eu sou feita de pedaços, de pessoas e também de desamores.
Minha essência é puro amor.