E então num dia que não fazia Sol nem chovia, num horário que não era bem de manhã nem exatamente de tarde, alguém que não tinha absolutamente nada a ver com você esbarrou em mim na calçada e me derrubou.
Apesar do primeiro contato ridiculamente feio, as coisas não continuaram nesse ritmo.
Ele me ajudou a levantar, conversamos, e como morava no prédio ao lado ele me ajudou com as compras, mas nem trocamos contato.
Algumas semanas depois nos esbarramos novamente e quando percebi estávamos saindo sempre.
Falávamos basicamente de como a vida estava horrível e ele ouvia tudo com atenção.
Até que um dia as palavras de sempre pareceram sumir e comecei a falar de outras coisas e ele começou a falar também.
Ele não se parecia com você, não tinha pretensão de ser você, ele não é você.
E, por isso, ele ficou.
Por isso ele hoje está tomando banho silenciosamente enquanto eu te escrevo essa carta.
Por isso lhe escrevi essa carta.
Por isso, finalmente, posso me despedir de você.
P.S.: Eu (ainda e sempre) te amo.