Não é por causa de amarras, de juras, muito menos de cadeados.
Não é porque eu precise acreditar que é para sempre ou que a gente tenha que ser passado, presente e futuro incondicional.
Não.
Eu quero você por muito tempo, mas não por esse lance de “pra sempre”.
Isso não tem a minha cara, já li mais Bauman do que contos de fada.
Duração imposta por promessas de amor eterno não me soa como caminho feliz, mas como uma chegada obrigatória num lugar completamente sem sentido.
Quando penso na gente, o que eu quero é mais tempo.
Horas que durem mais, noites que não acabem, manhãs que não sejam interrompidas pela hora do almoço, primaveras que demorem para virar verão, verão que não veja folhas antecipadas de outono.
Quero mais tempo porque ainda preciso fazer muita coisa com você.
Sim, a gente já caminhou bastante.
Já correu para não perder o ônibus, para não perder o voo, para não se perder de vista.
Já descobriu o restaurante da rua de trás, o brinquedo do kinder ovo, uma ou outra mentira, tudo bem.
Já tomou uns porres, café da manhã na padaria, tomou coragem pra dizer tanta coisa.
Mas ainda falta Falta muito.
Falta tanto! Ruth Manus Textos