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Martha Medeiros

Amigos secretos e outros segredos
No Sul, chama se amigo secreto.
Em outros Estados, amigo oculto.
É quando realiza se um sorteio para ver quem vai dar presente pra quem no Natal ou em qualquer outra data festiva em que participe um grupo.
Nesse final de ano, você terá pelo menos um amigo secreto na família, na turma, na escola ou no trabalho.
Quem será
Surpresa.
Amigos secretos revelam se na hora, faz parte da brincadeira.
O que você talvez não saiba, e continue a não saber por toda a vida, é que também existe o apaixonado secreto.
Na loteria do destino, alguém abriu o coração e saiu seu nome.
Talvez tenha tentado se aproximar e você não percebeu.
Talvez faça parte do seu grupo há muitos anos e você nunca o tenha reparado.
Talvez tenha lhe encontrado namorando, ou já casado, e discretamente escondeu o interesse para não perturbar a sua paz.
Você pode ter, sim, um amor secreto e não saber a falta que pra ele você faz.
O presente que essa pessoa gostaria de lhe dar não se compra em shopping, não se paga à vista, não se financia.
Você esteve ali ali para receber um beijo surpresa, mas seu amor secreto não teve essa ousadia.
Ele pode estar há quilômetros de distância, se comunicando com você pela Internet, ou pode morar no mesmo prédio, estudar na mesma aula, freqüentar a mesma praia.
Você não sente sua presença, mas talvez sinta sua ausência.
Seu amor secreto não revela se porque sabe que você detesta cigarro, e ele fuma.
Porque sabe que você só namora pessoas da sua idade, e ele é muito mais moço.
Porque sabe que você riria da sua gagueira, da sua falta de grana, de seu embaraço.
Seu amor secreto lhe deixaria atônito.
Por isso, ele mantém se discreto, platônico.
Entre amigos não há sigilo, só um suspense durante a festa, até saber quem irá, afinal, nos abraçar e revelar que está ao grupo representando.
Já entre amores secretos não há abraços nem revelações.
Alguém lhe ama em segredo, e o presente é manter você acreditando.

VELHOS AMIGOS, NOVOS AMIGOS
Quem é seu melhor amigo(a) Deixe ver se adivinho: estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou a menos), freqüenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco.
Não é vidência: minha melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e nascemos no mesmo ano.
São amizades extremamente salutares, pois podemos dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo.
Mas fique esperto.
Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é importante sentir se incluído num grupo, de pertencer a uma turma.
Perde se, no entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros "planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual.
A vida ganha movimento é na diferença.
Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber como dá duro o cara que trabalha de
dia para poder estudar à noite e o quanto ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado.
Se você curte música, seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se divertir muito com os relatos de uma cinquentona irada.
E você, beirando os 60, se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia idade, nada melhor do que ter amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica, videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as desafinações ensinam bastante.
No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office boy, com solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce para outro time e vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca.
Vale inclusive pai e mãe.