Te vejo em cada carro que atravessa o meu caminho e me lembro de como você nunca quis um carro por causa do seu medo de dirigir.
Te vejo em cada referência musical com que me deparo e lembro das noites que passamos ouvindo as nossas bandas favoritas madrugada adentro.
Te vejo em cada parede branca e me lembro de como você costumava pintá las e preenchê las com seus intermináveis rabiscos.
Te vejo em cada banco de parque e me lembro de como a gente matava o tempo assistindo pessoas brincarem com seus cachorros, enquanto permanecíamos em perfeito silêncio, absortos em nossa própria conexão.
Te vejo em cada cabelo cacheado, braço tatuado, skinny jeans, tênis marrom, camiseta amarela e olhos cansados.
Te vejo em tudo, mas nunca te enxerguei de verdade.
Nunca entendi quem você era de verdade, nunca percebi que você não era quem eu pensava.
Demorei para perceber que você não era bom para mim, que tudo que eu enxergava em ti, era projeção e ilusão.
E agora sigo o meu caminho, depois de tudo isso, sozinha e mais forte.
Melhor sem você.
E deixo você seguir o seu, em paz.