Lisbela: Eu sabia que era você.
Leléu: A melhor parte foi sumir com todo mundo.
Lisbela: Como é que faz a transformação
Leléu: Eu vou lhe mostrar.
A gente monta essa caixa preta em forma de L com esse vidro aqui no meio.
Agora a senhora fique bem paradinha aí do seu lado que eu vou pro meu aqui vestido de macaco.
Se eu apago a luz da senhora, e deixo só a minha aqui acesa, o povo só vê o macaco refletido ali no vidro, mas quando é ao contrário, só se vê a senhora.
Conforme eu vou apagando a luz do seu lado, e aumentando aqui o meu, a minha imagem vai refletindo por cima da sua, que agora já vai sumindo assim bem devagarzinho.
É como se a senhora se transformasse em gorila.
Lisbela: Como uma máquina do tempo.
Fazendo a gente virar o que foi a milhares de anos atrás.
Leléu: Mas pode funcionar também como uma máquina do amor.
Lisbela: E existe lá máquina pra isso
Leléu: Quando a gente ama uma pessoa, o que a gente mais quer nesse mundo
Lisbela: Ah, é ficar bem juntinho.
Leléu: Pronto.
Tão juntinho, tão juntinho, que como diz o poeta: 'Transforma se o amador na coisa amada, por virtude do muito imaginar, não tem o algo mais que desejar, pois já tenho em mim a parte desejada.
'
Lisbela: Achei mais bonita ainda essa máquina do amor.
Leléu: Pois então fique bem quietinha, e feche os olhos, que vou lhe mostrar como funciona a máquina do desejo.
Eita cadê
Lisbela: É que eu liguei a máquina da ilusão.