Debruçada sobre o outeiro à beira marSua beleza irradia uma magia de encantoSeu olhar me conduz ao seu encontroUma multidão, como uma muralha, separa nossos mundosNão sei seu nome nem seu telefoneMas já te conhecia dos meus sonhosQuando tudo ainda era nadaTe encontrei quando menos esperava.
Oh Insensato mundo! Por que o prevaricador amontoa riquezas enquanto o pobre desvanece de fome Por que este universo de valores inversos prevalece no meio de vós Por que ocultas a justiça e favoreces a imoralidade Lembra te dos teus princípios e desperta a tua retidão antes que venha o dilúvio arrebatador.
Do alto do abismoSolitário estouDe pés descalçosE um traje cálidoTudo o que restouPor muito tempo andeiAtravessei longas noites friasO Sol se escondeu de mimCombati meus medos e anseiosPara chegar até aquiNão sei se ao cume alcanceiOu se os montes desceram à mimSerá aqui onde tudo acaba Ou será o recomeço Vejo águas límpidas jorrando d’um alto rochedoÁrvores estrondosas e frutíferasCentenárias ou milenaresNão importaRevigoram se a cada diaUm paraíso ou uma miragemTanto fazQuando acordar, saberei.
Já é noiteE lá está elaSeu vestido azul claroEnobrecido de sedaDe pés descalçosSegurando seus delicados sapatosEla corre incansavelmenteSem olhar pra trásSem destino pra alcançarApenas aspira fugir daquele lugarDas lembranças que ressoam sem pararDas feridas jamais cicatrizadasDo seu passado que insiste em se manter presenteDas inúmeras desilusões vividasDe amores unilateraisSempre amou sozinha.
Sorria um sorriso sorrindoSó ria um só riso rindoPorque só rindo que se sorri.
Caminhando sobre o ventoNas lamúrias de um momentoFolhas secas sucumbem ao chãoRevelando a nudez dos galhosQue seus adornos se vãoArrebatados pela inclemência do tempo.