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Ângela Beatriz Sabbag

Sempre soube que regras são feitas para serem quebradas, ainda mais as unilaterais, mais ainda as que não prejudicam ninguém além de você mesmo.
Um dia a gente casa na intenção de legitimar uma família, de construir um lar e de viver uma nova etapa em nossas vidas onde preferencialmente seremos felizes.
Essa é a intenção e ela é genuína.
Mas uniões são como qualquer outra espécie de fato da vida onde um dos ingredientes que não pode faltar é a sorte.
Não estou creditando somente a sorte a responsabilidade de uma união feliz, muitos outros ingredientes são indispensáveis para que a receita dê certo.
Aí chega o dia tão esperado, a felicidade é presença de destaque na festa de núpcias, os noivos embasbacados se dão conta de que a festa tão sonhada conseguiu superar qualquer expectativa que vinham acalentando desde o momento em que tomaram a decisão de unirem suas vidas para sempre.
Maravilhoso se essa cumplicidade existir e resistir ao tempo e as intempéries de uma vida a dois, mas o que mais acontece nos dias de hoje, é que aquele par que tinha a certeza absoluta de ter encontrado um no outro a sua alma gêmea, vai deixando esfriar a paixão e não sabem agir diante do amor.
Aquela união que preconizou que seriam felizes para sempre fez com que fossem felizes enquanto aquela relação foi satisfatória e enriquecedora para ambos.
Acabou e não adianta chorar.
Agora é seguir com a maior dignidade cada um para o seu lado tentando encontrar novamente a felicidade.
E hoje, como somos uma geração de egoístas, de pessoas que não cogitam dividir seus espaços e suas manias com mais ninguém, vai se tornando uma população que não abre mão de suas individualidades e manias por ninguém, e assim muitos amores possíveis são abortados.
Nossa, suprema felicidade dormir do lado da cama que nos faz feliz, arrumar nossas coisas sem a preocupação de agradar a uma outra pessoa, deixar a tábua do vaso sanitário levantada ou abaixada ao seu bel prazer, comer o tipo de comida que aprecia, mas vai percebendo aí, isso tudo é uma sucessão de pessoas egoístas que não abrem seus espaços para mais ninguém.
Até aí seria tudo perfeito se não fossemos uma legião de adultos solitários que vivem reclamando que não há mais pessoas que valham a pena namorar e com as quais é inviável construir uma nova vida a dois.
E como tenho a convicção de que já esgotamos todas as possibilidades acho que não demorará muito para que revivamos os românticos Anos Dourados.

O Melhor Amor do Mundo
Amantes, ficantes e outras efêmeras companhias ela as teve aos montes.
Havia tido um grande amor, seu primeiro amor, e acreditava piamente que jamais viveria outro sentimento com tamanha intensidade, afinal não duvidava quando as pessoas na sua grande maioria falavam que nunca se esquece o primeiro amor.
Na verdade, até muito acanhada, ela confessou a um número seleto de pessoas que vivera seu maior e melhor amor no outono de sua existência.
Encontrou um homem que a encantou como os príncipes encantados costumam encantar suas princesas.
Quando os homens maduros costumam viver à cata de menininhas ele se encantou por ela, e tinha o grau exato de timidez que para ela é imprescindível numa pessoa.
Ela também ficou fascinada com a falta de pressa com que eles foram se conhecendo, porque hoje em dia vige a prática dos relacionamentos atropelados e por isso mesmo tão fadados ao insucesso.
Ela agora não pode ir a certos cinemas, sente um aperto no peito ao passar quase todo dia pelo Jardim Botânico, quase morre quando alguém posta uma foto no " Daniel Briand", o Pontão tão encantado lhe evoca lindas sensações e a Rota 66 faz com que sinta uma faca cravada em seu peito.
Mas o melhor lugar do mundo onde esteve com o melhor amor do mundo foi na casa dele, pois ali ela redescobriu o prazer de dormir de conchinha e de ser amada por um homem até através dos olhos dele.
Ele está viajando e ela o espera às vezes pacientemente, outras vezes com urgência desesperada destemperada.