“Sou isso o que você pode ver: crua desse jeito.
Sem maquiagem, sem óculos escuros, sem enfeites.
Eu sou assim, da maneira mais densa e transparente que alguém pode ser.
Eu juro! pode olhar bem aqui dentro dos meus olhos, minhas galáxias inteiras, completas.
Todas as órbitas expostas, os cometas, os buracos negros.
Todos os meus estragos estão aqui, bem aqui, evidentemente na palma da minha mão, nas cicatrizes da minha pele.
Eu sou esse universo em expansão que todo mundo vê.
Está tudo aqui, os defeitos, os gostos, os atos, os sentimentos.
Todos grandes demais para tentar esconder.
Então eu mostro: cruamente, eu sou isso.
Feliz o bastante para viver, triste o suficiente para pensar em poesia e chorar nas sextas feiras.
Um tanto quanto emocionalmente apegada, a ponto de querer engolir o universo inteiro e armazenar bem dentro de mim.
Mais sentimental que metade do planeta Terra para compensar a falta de sentimento alheio.
Eu sou isso o que você pode ver a olho nu e nada mais.
Os meus pedaços já estão espalhados demais por aí e eu já não posso guardá los.
Basta me olhar devagar e pronto fui decifrada.