Atravesso a rua sozinha, carregando uma sacola cheia de presentes e cartinhas.
Entro sozinha no meu carro, ouço de novo a música da semana, sigo em frente.
Carrego o afeto que ganhei numa sacolinha rosa, mas dentro do meu coração é sempre esse saco furado e negro.
Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente não precisar de você, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade.
É você quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque é preciso festejar, com a minha solidão cansada de se enganar.
Não agüento mais os mesmos papos, os mesmos cheiros, as mesmas gírias, os mesmos erros, a volta por cima, o salto alto, o queixo empinado, o peito projetado pra frente.
Não agüento mais fingir com toda a força do mundo que tudo bem festejar sem saber quem é você.