Primeiro Amor Do Garoto De Ontem
Às vezes sinto saudade.
Às vezes sinto vontade
de sentir tudo como
na primeira vez que senti.
Como quando descobri existir
e tive transformada toda
a forma de enxergar e degustar
os instantes preciosos
que marcam mais que tatuagem
o transcorrer de uma existência inteira.
Todo o embrulho estomacal,
o tremor das mãos
e o bambear das pernas
por um simples olhar sorridente
ou sedento por vida compartilhada.
E o quase infarto pelo doce beijo
seguido de longos, calorosos
e apertados abraços silenciosos
que gritavam mais alto que
tudo que já ouvi falarem
e não valeu nada perto
do que me vale aqueles momentos.
Ah, e toda aquela inocência
disfarçada de segurança
pelo distante e sonhador futuro
que em sua maior parte não se dividia,
não se via por dois lados,
seguia em uma só reta,
vista por quatro olhos, dois corações
e mãos entrelaçadas como já não se vê,
não mais se sente,
não mais se sabe viver.
Queria poder ter tido
mais uma chance de voltar
lá nos meus 16 anos,
e com a experiência de hoje
fazer tudo melhor do que fui capaz de fazer
quando era um apavorado garoto
perdido em tantas sensações
as quais soube se perder
e jamais aprendeu a se achar.