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Vilmar Becker

Sempre achei o ser humano o ultimo da lista dos seres importantes, e acredito que se as pessoas inteligentes começarem a olhar ao seu redor irão acabar concordando com essa tese maluca de um doido desconhecido que não é melhor do que ninguém, e nem pretendo ser, vou deixar essa hipótese para os consumistas natalinos que acham que seu bel prazer em gastar com ricos presentes irão transformar o mundo no que os seus desejos imaginam, como muitos nunca tiveram o natal que sonharam ter, quem sabe uma reflexão sobre seu passeio de carro novo ao shopping para pesquisar as possibilidades de mostrar o quanto seu ego pode ser maior do que sua capacidade de pensar sobre sua inteligencia pouco usada, fico imaginando como seria o natal desses seres que além de serem extremos consumistas permeiam o ócio da imbecilidade em julgamentos e atitudes mesquinhas, como seria o natal desses seres sem seu misero centavo que carregam em seus cartões de crédito como se fossem armas para utlizar nessa guerra consumista do século da informação utilizada apenas para mostrar o quanto ninguém é informado sobre nada.
Como não somos capazes de suportar a nós mesmos procuramos no consumismo uma forma de agradar o que nem nós mesmos suportamos em nós, na verdade o presente se tornou uma forma de comprar o outro ser, que por sinal aceita por questões óbvias que tornamos o natal das frustrações pessoais, das mesquinharias pessoais e das ignorâncias frente a fome e a miséria, nossas ceias fartas de pessoas famintas dos nossos exageros e das esperanças de receber o melhor que vem embrulhado em papel de presente sintilante e com desenhos e dizeres que nos remetem a não pensar em nada a não ser ganhar mais e mais caro, parece que nosso valor se resumiu a esquisitice de ser realmente o topo da cadeia alimentar, aquilo que serve apenas para sí próprio, opa, desculpe, me equivoquei, pois nem para sí próprio servimos, precisamos ser melhores para dizer que servimos para alguma coisa, e quem define se somos melhores está muito acima de nós, mas achamos que nosso cartão de crédito e nossos presentes caros no natal nos fazem seres divinos, quanta hipocrisia, quantas vezes doamos uma cesta básica a quem precisa, quantas vezes damos um prato de comida a quem pede, bom, um presente caro para cada afilhado que tive eu nunca esqueço, pelo menos eles não vão me chamar de pão duro, velhaco e unha de fome, como se isso me fizesse melhor, tenho pena de quem pensa assim, esse nunca olhou nos olhos de quem teve pela primeira vez um natal de verdade, com carinho, afeto e alguém que se importasse de verdade, de que adianta tantas coisas bonitas no natal, se só o que carrego comigo é um ser capaz do bem ou do mal, enfeitar minha casa, meu pinheiro, comprar presentes caros, isso só me faz um ser igual a qualquer outro, capaz de dizer sim as futilidades, mas sem coragem de fazer o outro sorrir pelo simples fato de existir, bom, não vou estragar seu natal, continue fazendo o que sempre fez e foi treinado, eu vou continuar pensando, afinal é a única coisa que me resta do real valor que esta data me representa.