Prometeu:
“Ouvi o resto, e ainda mais admirareis o valor das artes e indústrias que dei aos mortais.
Antes de mim, e esse foi meu maior benefício – quando atacados por qualquer enfermidade, nenhum socorro para eles havia, quer em alimento, quer em poções, bálsamos ou medicamentos: eles pereciam.
Hoje, graças às salutares composições que lhes ensinei, todos os males são curáveis.
Elucidei lhes todos os gêneros de adivinhações; fui o primeiro a distinguir, entre os sonhos, as visões reveladoras da verdade; expliquei lhes os prognósticos difíceis, bem como os prognósticos fortuitos ou transitórios.
Interpretei precisamente o vôo das aves de rapina, bem como os augúrios, felizes ou sinistros, que provêm de outros animais; fiz ver quando reina entre eles o ódio, ou a concórdia e a união; enfim, o que pode haver nas entranhas das vitimas, de agradável aos deuses, no aspecto e na cor; na beleza das formas do fel e do fígado.
Estendendo sobre o fogo, num envoltório de gordura, as partes internas e os membros dos animais, iniciei os mortais numa ciência difícil, dando lhes a conhecer signos até entã ignotos.
E não é tudo: a prata e o ouro, quem se orgulhará de os ter descoberto, antes de mim Ninguém, a menos que se trate de um impostor.
Em suma: todas as artes e conhecimentos que os homens possuem são devidos a Prometeu.
(Prometeu Acorrentado)