Passei pelo menos trinta minutos de humor massacrante.
E, depois, de repente pensei: mas por que é que eu queria tanto que ela a agarrasse Por que é que dói tanto quando o movimento não é sincronizado Não é muito difícil adivinhar: todas essas coisas que passam, que deixamos de ter por um triz e que são perdidas para eternidade Todas essas palavras que deveríamos ter dito, esses gestos que deveríamos ter feito, esses kairós fulgurantes que um dia seguiram, que não soubemos aproveitar e se afundaram para sempre no nada O fracasso por um triz Mas foi sobretudo outra idéia que me veio à cabeça, por causa dos "neurônios espelhos".
Uma idéia perturbadora, aliás, e talvez vagamente proustiana (o que me irrita).
E se a literatura fosse uma televisão que nos mostra tudo aquilo em que fracassamos
Bye bye movimento do mundo! Poderia ter sido a perfeição, e é o desastre.
Deveria ser algo que vivêssemos de fato, mas é sempre uma fruição por procuração.
E aí pergunto a vocês: por que ficar nesse mundo