Farejando a fazenda que rendeiro
Lhe confiara um dia,
Ia um cão, sua cauda sacudindo,
Repleto de ufania.
Eis vê na touça que crescia além
No meio de um caminho,
Tendo no chão fendido oculta a língua,
Tamanduá sozinho.
Pára, e grita de longe: “Ó bruto, ó fera
O que buscas aqui
Não estragues o campo prestimoso,
Retira te daí! ”
“ Enquanto, vigilante, o teto guardas”
Diz lhe o tamanduá,
“eu mato o insetozinho que da cana
O colmo estragará.
As formigas que eu como causariam
À terra grande mal:
Bem vês, faço um serviço, ou bruto ou fera,
A ti me julgo igual”.
Foi se o cão, e correndo ele dizia,
Ladrando sem maldade:
“Necessário ao bifolco eis um bichinho (*)
Bem útil à herdade”.
Sem um valor qualquer nada há no mundo:
Os grandes e os pequenos
Todos podem ser úteis, só diferem
Num pouco mais ou menos!