O choro durante séculos
nos seus olhos traidores pela servidão dos
homens
no desejo alimentado entre ambições de
lufadas românticas
nos batuques choro de África
nos sorrisos choro de África
nos sarcasmos no trabalho choro de África
Sempre o choro mesmo na vossa alegria
imortal
meu irmão Nguxi e amigo Mussunda
no círculo das violências
mesmo na magia poderosa da terra
e da vida jorrante das fontes e de toda a
parte e de todas as almas
e das hemorragias dos ritmos das feridas
de África
e mesmo na morte do sangue ao contato
com o chão
mesmo no florir aromatizado da floresta
mesmo na folha
no fruto
na agilidade da zebra
na secura do deserto
na harmonia das correntes ou no sossego
dos lagos
mesmo na beleza do trabalho construtivo
dos homens
o choro de séculos
inventado na servidão
em historias de dramas negros almas
brancas preguiças
e espíritos infantis de África
as mentiras choros verdadeiros nas suas
bocas
o choro de séculos
onde a verdade violentada se estiola no
circulo de ferro
da desonesta forca
sacrificadora dos corpos cadaverizados
inimiga da vida
fechada em estreitos cérebros de maquinas
de contar
na violência
na violência
na violência
O choro de África e' um sintoma
Nos temos em nossas mãos outras vidas e
alegrias
desmentidas nos lamentos falsos de suas
bocas por nós!
E amor
e os olhos secos.