Percebendo que seu coração era de pedra, ela foi lá e escreveu seu nome em letras maiúsculas e com um beijo se despediu.
Na marca bordô do batom ficou sua saliva, que, cheia de sabor, a rocha penetrou.
Camada a camada se infiltrou e preencheu todo o seu interior.
Onde era um vazio agora existia amor, onde era frio agora sentia se o calor.
Qual foi seu desejo
Ela desejou que nunca mais seu nome se apagasse dali.
Como quando se ama alguém e nunca vai tê lo, mas mesmo assim, mantém se esse sentimento como algo que você precisa para poder existir.
Era de pedra porque seu coração era capaz de regenerar a cada sofrimento.
E quanto mais regenerava, mais ele rasgava, mais rígido se tornava e mais intensa dor suportava.
Assim foi amando e sofrendo.
Tanto amou e tanto sofreu.
Cada vez mais desejava sentir dor e sofrer o amor.
Quanto mais forte era a dor, mais forte e intenso era o amor.
Mais rígido ficava.
Mais amor desejava.
Ele buscou o amor pleno.
A dor mais dissonante.
O desespero.
A falta de ar.
Aperto no peito.
Lágrimas espremidas.
A verdade.
O apelo do infinito.
Ele sabia que o medo de sofrer impedia que ele experimentasse o que é o amor.
Descobriu que o tamanho da dor é a medida do amor.
Virou pedra e agora só um último e maior amor poderá surgir.
Um tão forte que só acabará na morte.