Conceber o diabo como um partidário do Mal e o anjo como um combatente do Bem é aceitar a demagogia dos anjos.
As coisas são, evidentemente, mais complicadas.
Os anjos são partidários, não do Bem, mas da criação divina.
O diabo, ao contrário, é aquele que recusa ao mundo divino um sentido racional.
O domínio do mundo, como se sabe, é dividido entre anjos e demônios.
Contudo, o bem do mundo não implica que os anjos levem vantagem sobre os demônios (como eu pensava quando era criança), e sim que o poder de uns e de outros seja mais ou menos equilibrado.
Se existe no mundo muito sentido indiscutível (o poder dos anjos), o homem sucumbe sob o seu peso.
Se o mundo perde todo o seu sentido (reino dos demônios), também não se pode viver.