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Martha Medeiros

Maior e melhor que amor
Às vezes me pergunto por que o amor, que dizem ser a coisa mais forte e importante que há, faz tanta gente sofrer.
Entendo que algumas pessoas amam com impaciência, amam com possessão, amam com insegurança, amam com violência, amam com preguiça, amam das formas mais desajeitadas, e nada disso é coisa fácil de lidar.
Mas o amor é assim mesmo, vem acompanhado de várias outras sensações, todas elas fora do nosso controle.
O amor é lindo, mas também pode ser tenso, fóbico, difícil.
Billie Holliday cantava: “Não me ameace com amor, baby/vamos só caminhando na chuva”.
Chego à conclusão, então, de que se o amor é nobre e, ao mesmo tempo, ameaçador, deve existir algo muito melhor que amor.
Muito maior que ele.
Um sentimento que vários de nós talvez já tenhamos experimentado, só que, como esse sentimento nunca foi batizado, não o reconhecemos com facilidade.
É difícil classificar as coisas sem nome.
Maior que o amor, melhor que o amor: um sentimento que ultrapasse todos os padrões convencionais de relacionamento.
Que prescinda de fogos de artifício por ter chegado e também dispense velório por ter partido, que se instale sem radares em volta, que não nos deixe apreensivos para entendê lo e nem para traduzir os seus sinais.
Um sentimento que não se atenha à longevidade nem a uma intensidade medida pelo número de declarações verbais.
Que seja algo que supere conceitos como matrimônio, família, adequação social.
Que seja individualizado, amplo e sem contra indicações.
O amor como o conhecemos é apenas um aprendizado, um estágio antes de a gente alcançar isso que é maior e melhor: um sentimento que independe da presença constante do outro, que confere leveza à vida, que nos deixa absolutamente plenos e livres.
Plenos o amor nos torna; mas livres Não.
O amor termina e isso nos atormenta.
Quando é maior e melhor que amor, não termina, mesmo quando a relação se desfaz.
É um sentimento que, quanto mais forte, mais calmo.
Quanto maior, mais discreto.
A gente não o pensa, não o discute, não o compara, não o idealiza.
Ele simplesmente encontra asilo dentro de nós e cresce sem a aflição daquelas regrinhas impostas ao amor: “tem que cultivar, tem que reinventar, tem que ”.
Tem que nada.
Tem que apenas curtir.
É até bom que ele não tenha nome, símbolo, cor e teorias.
Melhor assim, sem estampar capas de revista, sem que ninguém o use como argumento para cometer insanidades, sem virar mote para propaganda, sem fazer sofrer nas novelas e nem na vida.
Simplesmente enorme assim, sem ameaçar.
Transcendente como um convite para caminhar na chuva

VELHOS AMIGOS, NOVOS AMIGOS
Quem é seu melhor amigo(a) Deixe ver se adivinho: estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou a menos), freqüenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco.
Não é vidência: minha melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e nascemos no mesmo ano.
São amizades extremamente salutares, pois podemos dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo.
Mas fique esperto.
Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é importante sentir se incluído num grupo, de pertencer a uma turma.
Perde se, no entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros "planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual.
A vida ganha movimento é na diferença.
Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber como dá duro o cara que trabalha de
dia para poder estudar à noite e o quanto ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado.
Se você curte música, seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se divertir muito com os relatos de uma cinquentona irada.
E você, beirando os 60, se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia idade, nada melhor do que ter amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica, videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as desafinações ensinam bastante.
No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office boy, com solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce para outro time e vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca.
Vale inclusive pai e mãe.