Deixe me brincar que te amo, deixe o dia passar como se fosse o meu último, em que o vazio me preenche mais que a tua presença inventada diante do espelho e do futuro que se escancara a minha frente.
Deixe me sorrir e não ser cruel com as poucas pessoas que me cercam, deixe que a frieza eu guardo para a madrugada onde me encontro com os meus “eus” preexistentes e vagos em minha lembrança já torturada.
Deixe que eu arranjo desculpas e palavras para poder ficar só, deixe que a música me transborde e me acalme.
Deixe que as noites de angústia por si virem melancolia e que a mesma se desfrute da minha solidão e me chame para dançar.
Deixe então que eu escolha o melhor terno azul celeste e a gravata mais branca que tenho guardada, branca como o fundo dos meus pobres olhos que ainda se emocionam com a melodia.
Deixe que eu procuro os sapatos no guarda roupa ou embaixo da cama, afinal, fui eu quem a solidão veio chamar para ser par de dança.
Deixe me.
Deixe nos a sós.